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Conheça a trajetória da torcedora que reproduz em vida o hino do clube do coração e desenha mais um capítulo da série "não é só futebol":


Arquivo pessoal de Fernanda Fernandes

Fernanda Fernandes é uma jovem de 20 anos, que mora em Sapiranga, no vale do Sinos, região próxima a Porto Alegre. Desde pequena, ela foi incentivada a conviver no estádio pelo Grêmio, do Olímpico Monumental na Azenha até a nova Arena no bairro Humaitá. Desde pequena e, completando com a música, "já não pode mais parar". Entre outras paráfrases de canções, ela honra o hino gremista: "para o que der e vier (...) com o Grêmio onde o Grêmio estiver".

A jovem teve sua imagem de superação compartilhada na internet após o compromisso do Grêmio contra o Toluca, pela fase de grupos da Libertadores da América. Mas para entender os desafios e a ligação do Tricolor de Porto Alegre com ela, é preciso voltar para contar sua história.
A vida de Fernanda mudou após um sério diagnóstico. Ela começou a sentir dores em agosto de 2015. Um exame de dezembro apontou um tumor do tipo sarcoma ósseo maligno sinovial no braço direito. Para tratar a espécie de câncer, a jovem gaúcha precisou trancar a faculdade de Direito.

Em uma jornada de tratamento iniciada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre em janeiro deste ano, já foram quatro ciclos de quimioterapia, um a cada 21 dias. Na caminhada, a força dos familiares e dos amigos é fundamental.

Fernanda tem gostos musicais que vão do rei Elvis Presley, Johnny Cash, a AC/DC, mestre Raul Seixas e até o lado mais pop com Taylor Swift. No mundo do esporte, ela é torcedora fervorosa do Green Bay Packers na NFL e curte a excelente temporada do Leicester no futebol da Inglaterra. Mas entre as preferências da gaúcha, nada supera o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

"Sou gremista desde que nasci. Meu pai me leva aos jogos desde pequena e então o Grêmio me consumiu totalmente", conta. "Sempre fui acompanhada do meu pai e irmãs. Sempre dizem que eu sou a mais louca pelo Grêmio, mas no fundo somos todos".

As loucuras pelo Grêmio foram muitas. Fernanda relembra a trajetória de idas ao Olímpico e mais recentemente na Arena. Na antiga casa gremista no bairro da Azenha, as melhores lembranças de temporadas como a disputa da Libertadores 2007, quando Grêmio eliminou São Paulo, Defensor do Uruguai e Santos, indo até a final.

Ela não esconde a preferência pela Copa: "Jogos da Libertadores sempre são fora do normal, cria-se aquela expectativa desde a divulgação dos jogos, quando e contra quem será. Até na hora em que tu vais comprar os ingressos, na semana do jogo, tu chegas a estar eufórico, sabe? Só pensa no jogo", afirma.

"Grêmio tem 16 participações na copa. Assim, os jogos sempre foram nervosos, na raça, aquela sensação de que não existe nada melhor a não ser teu time vencer aquele jogo. Então, meus familiares e eu enfrentamos aquelas noites frias. Chovendo ou não, estávamos lá no Olímpico para acompanhar o tricolor mais uma vez", relembra Fernanda, que também recorda o título gaúcho de 2010 e o último jogo com a última avalanche na Azenha mesmo após o apito final.

Arquivo pessoal de Fernanda Fernandes

"É um incentivo a mais para viver, seja na vitória ou na derrota."
Fernanda Fernandes
A mudança repentina na vida da gremista, com o diagnóstico do tumor, necessitou que ela e a família unissem forças. "Na verdade, quando eu descobri o tumor, fiquei sem reação, era como se minha vida tivesse acabado. Tive muita força da família e amigos. Aí tive que parar, pensar e tirar forças de alguma forma e de algum lugar, sabe? O Grêmio foi uma dessas forças: estar comentando sobre o Grêmio, vendo as contratações, acompanhar tudo e a ansiedade para ver novamente o Tricolor na Libertadores me deixaram mais viva".
"Tive várias internações e nelas eu olhei o Grêmio pela televisão, iPad ou celular. Sempre ali de olho, e é dessa forma que o Grêmio vem me ajudando. É um incentivo a mais para viver, seja na vitória ou na derrota", conta Fernanda sobre a relação direta com o clube do porto-alegrense.
A partida com o Toluca, na terça-feira (19/04), foi especial. A menina de Sapiranga não ia ao estádio há cerca de oito meses. Ela conta que o sentimento foi de muita emoção pelo retorno: "Sempre pintei o rosto, o cabelo e levei cartazes pelo Grêmio. E era hora de eu fazer isso de novo, mas dessa vez mostrando que, mesmo doente, eu estava ali com o Grêmio".

"Pedi pra minha irmã pintar minha careca (risos) e pintar a frase e o cartaz também. Era como se estivesse dizendo ao mundo: todos podem e devem fazer aquilo que amam, independente da dificuldade".

"Minha irmã tirou a foto quando eu estava olhando para o campo, porque apareceria minha frase na cabeça. Foi um momento emocionante para mim. A outra foto foi normal. Eu precisava tirar aquela com o cartaz, mas foi um momento nervoso, pois eu abri o cartaz e todos começaram a olhar e sorrir para mim. Pediram para tirar fotos e foi lindo", diz a veemente gremista.

"Todos podem e devem fazer aquilo que amam, independente da dificuldade." Fernanda Fernandes
A VAVEL Brasil tem um texto diretamente relacionado ao assunto, feito por Gêra Lobo, "Não, não é só futebol", que conta histórias de superação de torcedores, desfazendo barreiras e vivendo os clubes apesar das dificuldades. Fernanda lê e mostra suas impressões e identificações sobre: "Demais! Lindo, lindo mesmo. Me emocionei aqui. E realmente não é só futebol, é muito mais do que isso."

Se o futebol pode unir o afeto de tanta gente, de diferentes origens e histórias, por que haveria de ser só futebol? A frase emblemática de que "não é só futebol" veio acompanhada de compartilhamentos das fotos de Fernanda Fernandes.

"Na verdade, eu postei como sempre faço. E, bom, foi uma loucura e está sendo até agora: as pessoas comentando, inúmeros compartilhamentos. Até mesmo de uma página do Inter, então é ótimo receber essa força de pessoas que nem me conhecem e têm essa admiração por mim. Acho que toda essa repercussão vai me ajudar a não baixar a cabeça e seguir à próxima etapa", agradece Fernanda.

(Foto: Arquivo pessoal de Fernanda Fernandes)

A previsão de tratamento da gaúcha era de nove meses ou mais, porém, ela garante que o caso dela está sendo resolvido bastante rápido. O quadro já teve uma melhora gigantesca perante o que era inicialmente.

A mensagem final dela é destinada a todos que passam por dificuldades e que, segundo ela, não devem desistir. "Nada é impossível. Não sei se acreditas em Deus, mas, para mim, poder estar aqui e contar minha história... Meu diagnóstico foi o pior possível e é um milagre de verdade. Deus comanda tudo e agradeço por ter uma nova chance de viver. É preciso ter fé e acreditar sempre que vai dar certo, aconteça o que acontecer!"

Matéria retirada no site: Vavel Brasil
Escrito por: @HenriqueKonig
Sigam também: @Gremio_Vavel

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