GuidePedia

0

Muito se falou na vinda de Júlio César pra assumir a camisa 1 do Grêmio. Provavelmente não virá, até mesmo os diretores do clube negaram com veemência, mas certamente seria um grande nome. Houveram muitos torcedores irritados, que bradaram com a sacanagem feita com Marcelo. Eterno 12, quando achou que seria o 1, lá vai o Grêmio atrás de outro. Poxa, o que ele tem de errado? Ele "honra o nosso manto"! Ele honra, mas talvez a explicação seja técnica. Foi reserva de Galatto, de Saja, de Victor e finalmente, reserva de Dida. Não podemos acreditar que um cara que vive há 8 anos na reserva, seja um goleiro 100% confiável. Na verdade, existem poucos totalmente confiáveis hoje nessa posição, mas Marcelo não é um desses, infelizmente. É gremista, é da casa, ama o clube, ok, mas é limitado, e talvez, um tanto inexperiente. Tanto que sempre foi reserva. Ainda não pode ser chamado de "mito". Ainda. E na boa, se é pro JC1 vir por 6 meses, só pensando em se preparar pra Copa do Mundo, que nem venha. Deixa o "guri" trabalhar, mostrar que é capaz e quem sabe, escrever seu nome na nossa história.



Mas nem JC1, nem Grohe, chegarão aos pés de Eurico Lara. Talvez nem mesmo Danrlei, que já ganhou 3 vezes a Copa do Brasil, 1 Campeonato Brasileiro, 1 Recopa e a Copa Libertadores de 1995. Lara é o único atleta do Grêmio a ter seu nome citado no hino do clube, composto pelo eterno Lupicínio Rodrigues. Lara talvez seja o único atleta a ter seu nome citado em um hino de clube de futebol. Não posso afirmar com certeza, mas talvez seja mesmo, pois eu, pelo menos, nunca vi nenhuma homenagem parecida com essa até hoje. Ele sim, era mito. Por quê? 

Vamos aos fatos da lenda:

Lara começou a jogar futebol no time do exército de Uruguaiana. Se falava naquela época, que naquela cidade existia um arqueiro que, quando jogava, o time não perdia. Dirigentes gremistas imediatamente mandaram olheiros até a cidade da fronteira para observar Lara em campo. No início, não quis ser jogador, queria seguir nas Forças Armadas. Mas o Grêmio deu um jeito de fazer o craque se mudar para uma corporação da capital gaúcha. Chegou ao Grêmio em 1920 e acabou vencendo o Campeonato Citadino do mesmo ano. Dois anos depois, além de defender a seleção do Exército, começou a construir sua reputação como goleiro no centro do país, depois de defender com destaque, a esquadra gaúcha no Torneio Preparatório visando a escolha da seleção brasileira que disputaria o Sul-Americano.

Lara fechou o gol em uma partida realizada no estádio Parque Antártica entre gaúchos e paulistas. Os paulistas venceram por 4 a 2, mas no final, Lara foi ovacionado por uma multidão que invadiu o gramado para cumprimentá-lo. No jogo, ele defendeu mais de 20 chutes do atacante Friendereich, o maior nome do futebol brasileiro naquela época. 

Aqui começa a surgir o mito gremista.

Em setembro de 1935, já doente do coração e com ordem dos médicos para não mais jogar futebol, o goleiro decidiu entrar em campo para a decisão do Campeonato Farroupilha onde o Grêmio precisava vencer o já tradicional rival Internacional, para levar a taça. Lara então, foi excepcional: fez uma de suas maiores atuações com a camisa do Grêmio perante uma torcida encantada e sabedora do esforço realizado por ele para poder participar do jogo. Resultado: Grêmio 2 a 0, taça no armário e, como de costume, Eurico Lara carregado nos braços do povo.

2 meses depois do Gre-Nal Farroupilha, a mesma torcida que carregava Lara nos braços e acompanhava extenuada as grandes exibições do arqueiro, chorava a morte de seu grande heroi. Porto Alegre parou neste dia, e um pouco da alegria de cada gremista, se foi junto de Lara para baixo da terra nesta data.

Lendas de Lara:

Certa feita, quando Lara acabara de ser deslocado do regimento de Uruguaiana para Porto Alegre, durante seu primeiro treino no clube, ao entregarem a camiseta de goleiro a Lara, ele perguntou para o treinador: "Como assim? Por que recebi essa camiseta? Não sou goleiro". Todos ficaram surpresos com o fato. Mas ele explicou que como não havia mais ninguém para ir no gol em Uruguaiana, ele havia sido colocado na posição, mas não era sua função.

Outra lenda diz que Lara, em certa partida, quebrou um dos braços, mas não queria sair. E também conta-se que defendeu todas as bolas até o fim do jogo, mesmo com a lesão.

Não há nada parecido com Eurico Lara na história do Grêmio, poderão passar mais 100 anos, e ninguém será como Lara foi. Tanto que no nosso hino diz: "Lara, o Craque Imortal, / Soube o seu nome elevar. / Hoje, com o mesmo ideal, / Nós saberemos te honrar." De fato, um craque imortal. Uma lenda. Um mito. Eterno, Eurico Lara Fonseca.

Aguante!


Evair Vargas.

Postar um comentário

 
Top